Se me tivesses perguntado há uns anos, talvez não colocasse Córdoba no topo da minha lista de viagens. Um erro. Fui lá pela primeira vez, entre 24 e 28 de agosto, com a minha namorada, e descobri uma cidade que não se revela à pressa. Exige que abrande o passo, que te percas nas suas ruelas e que sintas o peso da história em cada pedra. Esta não é apenas a crónica da minha viagem a Córdoba; é o guia que eu gostava de ter tido, pensado para ti que, como eu, procuras mais do que apenas check-ins em monumentos.
A Viagem a Córdoba: De Loulé num Dacia Duster a GPL
Antes de mergulharmos na cidade, deixa-me falar-te da viagem. Partimos de Loulé num Dacia Duster de 2019, a Bi-Fuel. Se és pai ou simplesmente gostas de um carro que aguenta tudo sem te levar à falência, sabes do que falo. Foram 348 km, percorridos maioritariamente em autoestrada, com o ar condicionado no máximo para combater o calor andaluz e a bagagem para oito dias a bordo, já a contar com a paragem seguinte em Sevilha. O resultado? Um consumo médio de 9,8 L/100 km. O depósito de GPL custou 30€, mas com 5€ de desconto do Mundo Galp e outros 5€ acumulados em Cartão Continente, a despesa real ficou-se pelos 20€. É uma das grandes vantagens de ter um carro a gás e uma das 10 razões para comprar um Dacia Duster.
Onde Ficar em Córdoba: A Minha Experiência no Sercotel Córdoba Delicias
Ficámos no Sercotel Córdoba Delicias. É um quatro estrelas com pontos altos e outros que mostram potencial para melhorar. A grande vantagem: estacionamento. A rua do hotel tem estacionamento gratuito, seguro e calmo. Esquece o parque pago do hotel; deixei o carro à porta durante quatro dias sem qualquer problema. O pequeno-almoço é completo, não te vai faltar nada – até uma garrafa de espumante havia, embora não tenha tido a coragem de a abrir logo pela manhã.
A piscina, no terraço, oferece uma vista desafogada, mas o vento quente de agosto torna-se um desafio. Senti falta de um bar de apoio, o espaço existe e que podia ser muito melhor aproveitado. O bar do rés do chão também é algo improvisado. Se, como eu, gostas de relaxar com um copo no hotel ao final do dia, vais sentir que falta ali qualquer coisa.
Podes reservar no site do hotel, na Logistravel, ou comparar preços na Trivago.
Roteiro em Córdoba Dia 1: Chegada e Sabores da Judería
Chegámos num domingo, o dia sagrado do descanso em Espanha, onde quase tudo fecha. Perfeito. Aproveitámos para fazer o check-in, largar as malas e subir diretamente para a piscina. O calor pedia.
Ao final da tarde, rumámos ao centro histórico. A primeira paragem foi na La Terraza da La Esquinita de la Judería, uma esplanada estratégica onde és pulverizado com água para sobreviveres ao calor. Pedimos um gin tónico e serviram-no como deve ser: um copo com três dedos de gin e a água tónica à parte. Perfeito para ficarmos alegres num instante.
O jantar foi na Taberna El Abanico, junto à Mesquita. Aqui, a missão era provar os clássicos de Córdoba. Atacámos as Berenjenas con miel (beringelas fritas com mel de cana), um clássico que nunca falha, e umas Croquetas Mixtas de Rabo de Toro y Puchero. A estrela da noite, claro, foi o Rabo de Toro en salsa. Este prato, que nasceu como comida de aproveitamento nas tabernas junto à praça de touros , é hoje o rei da gastronomia local. Cozinhado lentamente em vinho, a carne desfaz-se do osso e o molho é de uma riqueza incrível.
Terminámos a noite na Taberna La Oveja Negra. Como ficava perto do hotel, foi a escolha ideal para beber um último copo antes de regressar.
Roteiro em Córdoba Dia 2: Explorar os Pátios e a Ponte Romana
Segunda-feira é o outro “domingo” em Córdoba no que toca a monumentos. A maioria está fechada. Sabendo disto, dedicámos o dia a explorar a cidade por fora, a absorver o ambiente das ruas e a visitar locais de acesso livre.
Começámos pelos famosos Pátios Cordobeses no bairro de San Basilio. Esta tradição, herança romana e muçulmana, nasceu da necessidade de refrescar as casas no verão abrasador. Hoje, é um património vivo, cuidado com um amor geracional pelos moradores. Embora o grande festival seja em maio, podes visitar alguns pátios durante todo o ano.
Dali, seguimos o roteiro clássico: Puerta del Puente, a imponente Ponte Romana sobre o Guadalquivir, e a Torre de la Calahorra na outra margem. Atravessar a ponte a pé, com a Mesquita-Catedral a crescer à tua frente, é um dos postais obrigatórios da cidade. Perdemo-nos depois pela Calleja de las Flores, a ruela mais fotografada de Córdoba, e fomos dar à Plaza de la Corredera, uma praça maior retangular com um ar castelhano que contrasta com o resto da cidade. Vimos ainda o Templo Romano e terminámos no Mercado de Victoria para um almoço de tapas. Este mercado gourmet é uma excelente opção para provares várias coisas num só sítio.
O resto da tarde foi passado a render-nos ao calor, na piscina do hotel, com uma salada do Mercadona (que fica literalmente ao lado) a servir de jantar.
Roteiro em Córdoba Dia 3: A Imponente Mesquita-Catedral e o Legado do Califado
Terça-feira foi o dia de mergulhar a sério na história. Começámos pelos jardins do Alcázar de los Reyes Cristianos. O Alcázar em si estava fechado para obras, o que foi uma pena, mas em contrapartida a entrada para os jardins era gratuita. E que jardins! Deu para umas fotos espetaculares e para sentir a grandiosidade do local.
Seguimos para os Baños del Alcázar Califal. E aqui, a sorte bateu-nos à porta. Estavam a testar um novo serviço de visitas guiadas e ofereceram-nos uma, gratuita. O que pensávamos ser uma visita rápida transformou-se numa aula de história fascinante. Estes banhos, do século X, eram de uso exclusivo do califa e da sua corte. Eram um centro de poder, higiene e vida social. Ver o sistema de aquecimento do chão, uma espécie de “suelo radiante” ancestral, foi incrível.
A paragem seguinte era a mais esperada: a Mesquita-Catedral de Córdoba. É difícil descrever o impacto de entrar naquela floresta de mais de 1.300 colunas e arcos bicolores. É um monumento que conta a história da Península Ibérica. Construída sobre uma basílica visigótica , foi a maior mesquita do Ocidente e, após a Reconquista em 1236, foi consagrada como catedral, com uma nave renascentista a ser “espetada” no seu coração. Esta colisão de fés é o que a torna única. Se tens de escolher apenas uma coisa para visitar, é esta.
Visitámos ainda a Sinagoga de Córdoba, uma das poucas que restam em Espanha. A entrada é gratuita e, embora seja pequena (literalmente um quarto), vale pela sua história e pela oportunidade de te embrenhares ainda mais nas ruelas da Judería.
Ao final do dia, e para quebrar a rotina das refeições do Mercadona, decidimos explorar algo completamente diferente da gastronomia andaluza. Escondido numa das ruelas perto da Mesquita, encontrámos o Pasillo Oriental, um pequeno restaurante de comida do Médio Oriente que se revelou uma surpresa deliciosa.
A mesa encheu-se rapidamente com um Combinado Cleopatra, que trazia um pouco de tudo: falafel crocante, folhas de uva recheadas, uma samosa vegetariana e um húmus cremoso. Para acompanhar, pedimos um Tabouleh, uma salada fresca e vibrante de salsa e bulgur que serviu de contraponto perfeito, e uns Kibbeh, os tradicionais croquetes de carne e trigo frito. Para terminar a refeição, aventurei-me num café egípcio. Servido numa chávena de metal lindíssima, tinha um travo gigante a cardamomo — uma combinação estranha no início, mas que se tornou surpreendentemente boa e aromática. Foi o final perfeito para um dia de imersão cultural.
Roteiro em Córdoba Dia 4: O Espetáculo Equestre e Dicas Finais
O último dia completo foi mais relaxado. Aproveitámos a manhã para compras de última hora e para revisitar algumas ruas de que gostámos. Nesta fase da viagem, já tínhamos abdicado dos restaurantes. A gastronomia local é fantástica, mas muito à base de fritos e pratos pesados. Optámos por sandes e saladas para economizar e não perder tempo.
O grande evento do dia foi ao final da tarde: o espetáculo “Pasión y Duende del Caballo Andaluz” nas Cavalariças Reais. É uma exibição impressionante da arte equestre andaluza, misturada com flamenco. Se gostas de cavalos, é imperdível.
Dica importante: Chega com 10 minutos de antecedência. Existem duas filas, uma para bilhetes gerais e outra para premium. Se não tiveres atenção, podes acabar na fila errada e perder tempo.
Dicas Práticas para a Tua Viagem a Córdoba
- Transportes: Esquece a Uber e a Bolt. Não existem em Córdoba. A cidade parece ter parado no tempo (no bom sentido) neste aspeto. A melhor forma de te moveres entre o hotel e o centro é de autocarro ou táxi. Um táxi do nosso hotel ao centro custou cerca de 7€. O autocarro tem um preço fixo de 1,30€ por viagem, que podes comprar e validar numa aplicação móvel. Simples e eficaz.
- Gastronomia: Não te limites ao Rabo de Toro. Prova o Salmorejo Cordobés, uma sopa fria de tomate mais espessa e aveludada que o gaspacho, e os Flamenquines, rolos de porco panados e fritos.
- Quando ir: Evita julho e agosto se não fores fã de calor extremo. A primavera e o outono são as estações ideais, com temperaturas mais amenas e, em maio, o bónus do Festival de los Patios.
Mapa de Itinerário de Córdoba
Mapas e Aplicações de mobilidade em Córdoba
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Mapa de distancias a pé entre destinos na cidade de Córdoba.
Mapa de Córdoba com pontos turísticos principais.