
O Essencial:
- Este portátil é um “budget-sleeper”: oferece um ecrã OLED fantástico e um processador H-series (de performance) num chassis de gama média.
- A performance do modelo i5-13420H foi irrepreensível para escrita intensiva e multitasking. Não aqueceu nem falhou no Web Summit.
- Tem duas falhas claras: o ecrã é um espelho sob luzes fortes e o chassis preto mate é um íman de marcas de dedos.
Quando escrevi o artigo de antecipação sobre este portátil, eu tinha sérias dúvidas. As minhas expectativas estavam misturadas. Por um lado, estava entusiasmado com a promessa de um ecrã OLED e a robustez militar. Por outro, olhando para ele, achava que era pesado, grande demais para o meu gosto. Como estou habituado a trabalhar todos os dias numa dock-station com teclado e rato externos, achei que me ia atrapalhar a escrever diretamente no teclado de um portátil durante dias a fio.
Mas decidi colocá-lo à prova no teste mais real e caótico que conheço: o Web Summit. Este foi o portátil que me acompanhou durante três dias de correria, com mais de 10.000 passos por dia, a escrever artigos entre palestras, a fazer uploads e a viver do “abrir e fechar” constante da tampa.
A primeira coisa que tens de saber é que o modelo que a ASUS destaca na sua página de produto principal não é exatamente este. A marca foca-se no modelo com Intel i7, mas a unidade que eu testei, e que provou o seu valor, é a F1605VA com um processador Intel Core i5.
Para que não restem dúvidas, e para que possas comparar o que lês com o que encontras nas lojas, este foi o meu “cavalo de batalha”:
| Característica | Especificação do Modelo Testado (F1605VA) |
|---|---|
| Produto | ASUS Vivobook 16 OLED (Modelo F1605VA) |
| CPU | Intel Core i5-13420H (8 Cores, 12 Threads, 45W TDP) |
| Ecrã | 16.0″ OLED WUXGA (1920 x 1200), 16:10, 60Hz, Glossy |
| RAM | 16 GB DDR4 |
| Armazenamento | 512 GB SSD NVMe PCIe |
| Bateria | 42WHrs, 3 células Li-ion |
| Peso | 1.88 kg |
| Chassis | Plástico, Cor “Indie Black” |
A Tecnologia: O Ecrã OLED e a Performance do Vivobook 16 F1605VA
O primeiro critério em qualquer portátil moderno é a tecnologia que define a experiência de utilização. Neste Vivobook, tudo se resume ao ecrã e ao que está debaixo do capô.

O OLED de 16 polegadas que me conquistou
Em casa, ligado ao meu monitor externo, o ecrã do portátil parecia-me “pequeno”. Foi preciso sair para o terreno para perceber o meu erro. No dia-a-dia, a trabalhar fora de casa, o ecrã de 16 polegadas com bordas super finas (86.5% de relação ecrã-corpo) cria um efeito de imersividade que me fez sentir que tinha um ecrã maior que o teclado.
Aliado à imagem e cor vibrante, o ecrã mostrou estar mais do que à altura. A razão para esta qualidade de imagem deve-se à tecnologia ASUS Lumina OLED. Mesmo sendo “apenas” uma resolução WUXGA (1920 x 1200), o painel oferece 100% da gama de cores DCI-P3 (a norma de cinema), uma precisão de cor profissional (Delta-E < 1) e um rácio de contraste de 1,000,000:1 que torna os pretos verdadeiramente pretos. Para escrever, editar fotos rápidas ou ver um vídeo, foi espetacular.
O Ponto Crítico: O Ecrã Vivobook 16 OLED e os Reflexos
Nem tudo foi perfeito. O Web Summit, com as suas luzes de palco, neons e projetores por todo o lado, revelou o ponto fraco deste ecrã: o reflexo. Este painel tem um acabamento glossy (brilhante), que é o que lhe permite ter cores tão vivas e pretos tão profundos.
No entanto, isto significa que o ecrã funciona quase como um espelho. Era muito fácil tentar focar-me no que estava a escrever e ver, em vez disso, o reflexo das luzes dos palcos no ecrã. Em ambientes de escritório controlados, isto não é um problema. Mas se trabalhas muito em cafés com janelas ou sob luzes diretas, é algo a ter em conta.
O Motor H-Series: O i5 que se Portou como um i7
A minha maior surpresa foi a performance. Durante o uso intensivo no Web Summit, o portátil não aqueceu, não hesitou e não apresentou nenhum problema de desempenho. A razão para isto é o “motor secreto” que a tabela de especificações revela.
Muitos portáteis finos usam processadores da série “U” (como o i5-1335U), que são desenhados para máxima eficiência energética, com um Processor Base Power (PBP) de 15W. Este Vivobook não.
Ele usa um Intel Core i5-13420H. O “H” no nome significa High Performance. Este chip tem um PBP de 45W (três vezes mais) e um Maximum Turbo Power que pode chegar aos 115W. Isto coloca-o numa classe de performance totalmente diferente. Em testes multi-thread, este i5-13420H (com 17.228 pontos) é cerca de 29% mais rápido que um Intel Core i7-1265U (13.304 pontos) da geração anterior.
O que eu senti no terreno foi a validação disto: eu estava a usar uma máquina com poder de performance-class num chassis de gama média.
A Autonomia: A Surpresa da Gestão Inteligente
Aqui, tive uma experiência contraditória que preciso de explicar. A autonomia foi o que me surpreendeu. Aguentou muito bem ao longo do dia, e eu chegava ao fim do dia com mais de 40% de bateria.
Contudo, num dia normal de utilização “intensiva” contínua (só a escrever, sem parar), a bateria dura aproximadamente umas 5 a 6 horas. Podia ser melhor? Podia.
Então, como é que ambas as coisas são verdadeiras? A especificação responde: a bateria é de apenas 42WHrs, o que é pequeno para um ecrã OLED e um CPU de 45W. A minha medição de 5-6 horas de uso intensivo está correta.
A razão pela qual ele “aguentou” o Web Summit foi a gestão de energia. O meu dia foi intermitente: escrever, fechar a tampa, correr para outro palco, abrir a tampa. O fechar do portátil foi o que me ajudou a gerir a bateria. O arranque e recuperação do modo sleep foram instantâneos, sem demoras.
Se precisas de 8 horas contínuas de trabalho longe da tomada, este não é o teu portátil. Se o teu trabalho é feito de “arranque e pára”, ele gere-se surpreendentemente bem.

O Design e Ergonomia no Terreno
Num evento como o Web Summit, o design não é sobre beleza, é sobre funcionalidade.


O Mito do Peso: Os 1.88kg que Não Senti
Eu achava que ele ia ser pesado. A especificação diz 1.88 kg. E, de facto, para um ultraportátil (que a gama Vivobook também inclui), 1.88 kg é muito.
Mas a minha expectativa estava errada. Andei de um lado para o outro, fiz mais de 10.000 passos por dia, e o peso nunca foi um problema. Nem me lembrei desse tema enquanto o transportava. Para um portátil de 16 polegadas com um CPU H-series, este peso é, na verdade, bastante razoável.
O Teclado Perfeito para Escrever, Frustrante para (F)uncionar
O teclado (ASUS ErgoSense) é super suave. As teclas retroiluminadas são, hoje em dia, um requisito obrigatório, e ele cumpre. O bónus de ter um teclado numérico completo ajuda qualquer um nas contas rápidas em folhas de cálculo.
A única coisa de que não gosto, e que me irritou no início, é o facto de ter de carregar na tecla FN para usar as teclas de função (como F5 para refresh ou F11 para fullscreen). Por defeito, as teclas ativam as funções da ASUS (brilho, volume, etc.). Eu uso as teclas F (F1, F2…) muito mais vezes.
Felizmente isto é (quase sempre) configurável. Basta ires ao software MyASUS e inverter esta prioridade.

O Íman de Marcas de Dedos
O meu último ponto sobre o design é puramente visual. Tive alguma dificuldade em não deixar de reparar nas marcas que as mãos deixam na estrutura. O chassis é de plástico num acabamento preto mate (“Indie Black”).
É fácil ver marcas de dedos e mãos que, por mais que eu limpe, não saem facilmente. Eu ainda achei que tinha as mãos sujas com alguma coisa, mas o preto continuava a ficar manchado. Ao fim de algum tempo, acabei por não reparar mais. É algo puramente visual, mas que para muitos pode ser um problema.
Sustentabilidade e Durabilidade em Teste
A sustentabilidade não se mede só em materiais reciclados; mede-se na capacidade de um produto durar.
A Prova de Abertura e Fecho
O Web Summit foi o teste de durabilidade perfeito. O portátil provou que aguenta muito bem o trabalho de escrita constante e, mais importante, a “movimentação de abrir e fechar constante sem que haja problemas”.
Isto é a validação no mundo real da certificação de durabilidade US MIL-STD 810H. Esta norma militar garante que o portátil resiste a cenários de stress (quedas, vibrações, humidade) que vão muito além do uso normal de escritório. O meu teste caótico provou que a dobradiça e a estrutura geral são, de facto, robustas.
O Selo EPEAT Silver e o Plástico Reciclado
Para além da durabilidade física, a ASUS posiciona o Vivobook 16 como um produto com responsabilidade ambiental. O portátil tem a certificação EPEAT Silver, o que significa que cumpre um conjunto de critérios rigorosos de sustentabilidade.
Isto alinha-se com os objetivos 2025 da ASUS de aumentar o uso de materiais amigos do ambiente. O chassis, embora de plástico, incorpora plásticos reciclados pós-consumo (PCR) e a embalagem é maioritariamente reciclável. Não é um líder de sustentabilidade com selo “Gold” (como alguns Zenbooks) , mas demonstra um compromisso de “bom valor” que vai além do básico.


Veredicto: Vale a pena o ASUS Vivobook 16 OLED?
Depois de dias intensivos com o Vivobook 16 OLED, o meu veredicto é claro: este portátil é um “budget-sleeper”.
Ele faz concessões em áreas que eu considero secundárias para o trabalho: o chassis é de plástico e mancha-se (algo que ignorei ao fim de pouco tempo), e o ecrã é refletor (o que exige alguma gestão da luz ambiente).
Onde ele não faz concessões é no que realmente importa para a produtividade:
- Um ecrã de topo: O painel OLED com 100% DCI-P3 é de nível profissional.
- Um motor de topo: O CPU Intel H-series de 45W tem performance para dar e vender.
Este portátil oferece mais performance pura do que muitos ultraportáteis premium, como o Zenbook S16, mas num chassis mais modesto. Se, como eu, valorizas mais o motor do que a pintura, o F1605VA é uma das escolhas mais inteligentes que podes fazer para uma máquina de trabalho que não te vai deixar ficar mal.

Vanguarda: O Fator de Desempate
O fator de vanguarda deste portátil não é uma funcionalidade de IA ou um design futurista. É algo mais subtil e, na minha opinião, mais importante: a democratização da tecnologia “Pro”.
A gama Vivobook da ASUS é posicionada como “a melhor escolha para o uso diário”, a gama de entrada e média. As gamas premium são a Zenbook (para portabilidade) e a ProArt (para criadores).
No entanto, este Vivobook vem com um ecrã OLED 100% DCI-P3 e um CPU de 45W. Há dois ou três anos, estas especificações estavam exclusivamente reservadas a workstations móveis de 3.000€. O facto de hoje as encontrarmos num Vivobook prova que as linhas entre “consumidor” e “profissional” estão a desaparecer. E este portátil é a prova viva disso.
A Minha Avaliação: ASUS Vivobook 16 OLED (F1605VA)
ASUS Vivobook 16 OLED (Modelo F1605VA)-
Relação Preço/Qualidade4.5/5 Muito BomRecebes um ecrã OLED 100% DCI-P3 e um CPU H-series de 45W. O valor que pagas está no motor e no ecrã, não no chassis. É um dos melhores negócios em performance/€ que testei.
-
Design3.5/5 NormalÉ funcional. O teclado é ótimo, a robustez militar (MIL-STD 810H) é real e o peso de 1.88kg é aceitável. Perde pontos pelo ecrã ser um espelho de reflexos e pelo chassis ser um íman de marcas de dedos.
-
Tecnologia4.5/5 Muito BomO painel Lumina OLED é tecnologia de ponta. O CPU i5-13420H de 45W é uma potência. A gestão de energia em standby é excelente. Perde meio ponto pela bateria de 42Wh ser subdimensionada para o CPU.
-
Vanguarda4/5 BomA vanguarda aqui é a democratização de especificações "Pro" (ecrã DCI-P3, CPU 45W) numa gama de "consumidor". Isto redefine o que podes esperar de um portátil de trabalho que não custa 3.000€.
-
Sustentabilidade4/5 BomA certificação MIL-STD 810H garante durabilidade, que é a forma mais importante de sustentabilidade. O selo EPEAT Silver confirma o uso de materiais reciclados e embalagens responsáveis.
Prós
- Ecrã OLED de 16 polegadas com 100% DCI-P3.
- Performance fantástica do CPU Intel Core i5 H-series (45W).
- Não aquece em tarefas de produtividade intensiva.
- Recuperação instantânea do modo sleep.
- Teclado numérico completo e confortável.
- Durabilidade de nível militar (MIL-STD 810H).
Contras
- O ecrã glossy é extremamente refletor sob luzes fortes.
- Autonomia de bateria medíocre para uso contínuo (5-6 horas).
- Chassis em plástico preto mate é um íman para marcas de dedos.
- Teclas de Função (F) bloqueadas para multimédia por defeito.