O site de comunicação Observador passou para o papel de uma forma totalmente oposta do que seria suposto. Em vez de se transformar num chato jornal, como tantos outros, chegou ao mundo físico em formato de revista de lifestyle. Como é a revista? O que a difere das outras? E porquê papel? Respondo a isto tudo neste post!
O Primeiro Impacto
No primeiro toque, percebe-se que esta revista não é igual às outras que estão no mercado. A capa grossa com textura, e as folhas interiores com gramagem maior do que o normal, preparam-nos para uma revista que é diferente. Não só em termos de grafismo, como em termos de experiência ao folhear.
A revista de Lifestyle do Observador começa a sua primeira edição dedicada a Portugal e ao que os novos empreendedores estão a produzir. De fashionwear a homewear, a revista mostra-nos que andamos a perder muita coisa fechados na bolha do que é internacional. As novas pop-up stores cheias de design e produtos inovadores ou apenas reinventados, fazem-nos perder a cabeça em tantas páginas quantas as notas que achamos que temos para comprar tudo o que lá está impresso.
Na verdade o que é português nem sempre tem a possibilidade de aparecer com o destaque que merece numa publicação. Mas neste caso, tiveram destaque total e 100% dedicado.
A Descoberta
Sendo uma revista de lifestyle, podemos pensar que terá um foco no mercado feminino. No entanto, para felicidade do Mercado do Homem, a revista é uma fusão dos dois mundos. Parece ser a primeira revista de lifestyle genderless do mercado português.
Até podemos não comprar todos os meses a mesma revista nas bancas. Ou até podemos recebe-las de borla no escritório todos os meses. A questão é que o “culto” de ir à banca de jornais comprar a revista e ir para a rua do ouro lamber o dedo para virar as páginas é algo que tem vindo a crescer entre o público de lifestyle. Online é engraçado. Mas nada tira o cheiro a caderno novo.
Se quem lê a revista é alguém realmente atento ao detalhe (eu..), então é claro que o lettering e design interiores não podem passar despercebidos.
Há informação para todos os gostos. Secção de inspirar, secção de conhecer e secção de gastar. E não duvido que até os espaços publicitários tenham seguido algum tipo de linha gráfica da publicação.
Perguntas e Respostas
Fui falar com quem de direito para perceber o que está por trás deste lançamento. Ana Dias Ferreira, editora de Lifestyle do Observador respondeu. PS: Obrigado Ana!
1. O Observador sempre se destacou por ser um dos primeiros a adotar uma posição totalmente digital dos restantes meios. A entrada para o mundo físico é sinal de que ainda é preciso estar nas bancas?
Não diria que “é preciso”. Diria antes que vale a pena. O papel é uma invenção com muitos séculos, mas é como a roda: está longe de se tornar obsoleta. Em 2017, ainda é mais cómodo levar para a praia uma revista debaixo do braço do que um iPad. Um smartphone não substitui o prazer de passarmos meia hora numa boa secção de revistas de uma boa livraria. Eu sei que existe uma forte tendência para colocar digital e papel em campos opostos, como se fossem dois inimigos. Felizmente, o Observador não partilha desse ponto de vista. Papel e digital são dois meios complementares de comunicação, cada um deles com os seus pontos fortes e os seus pontos fracos. O que há a fazer é aproveitar aquilo que de melhor cada um deles tem para oferecer, de modo a expandir e enriquecer a marca Observador. Foi o que fizemos.
2. Ao contrário do que se poderia esperar, entraram no mundo físico especificamente com o tema de lifestyle e não como jornal generalista. O que vos difere das restantes revistas de lifestyle já existentes no mercado?
A Observador Lifestyle não é a primeira revista editada pelo Observador. Em Maio de 2016 e em Maio de 2017 foram lançados dois números de aniversário (o Observador nasceu em Maio de 2014), que reuniram aquilo que de melhor foi sendo publicado no site ao longo de cada ano. Foi o sucesso desses dois números que levou a apostar na Observador Lifestyle. Em vez de transformarmos a revista de aniversário num projeto semestral, julgámos que faria mais sentido diversificar o portefólio e apostar noutras áreas. E como acreditamos numa caminhada de qualidade e de diferenciação, optámos por abordar o tema do lifestyle de uma forma mais requintada do que aquilo que tem sido habitual no mercado português, tendo como alvo um patamar de excelência – tanto ao nível gráfico, como de conteúdos – mais próximo dos padrões internacionais.
3. A dimensão e qualidade de materiais da revista é uma das características que impactam quem pega pela primeira vez. Os detalhes são um ponto vital para o sucesso desta revista?
Claro que são, e tínhamos consciência disso desde a primeira hora. A lógica de partida da Observador Lifestyle não é muito diferente da lógica da revista de aniversário. Antes de começarmos a alinhar os conteúdos deste primeiro número tínhamos o privilégio de ter à nossa disposição milhares de artigos que foram escritos para a secção de Lifestyle do Observador. Tratou-se, em primeiro lugar, de restringir a escolha definindo um tema forte para a revista – que foi o 100% português, ou seja, uma revista integralmente composta com o melhor da criatividade nacional -, e depois ser muito exigente com a qualidade daquilo que entrou. Os textos foram profundamente reeditados, fotografámos boa parte dos temas de novo, produzimos alguns artigos de raiz para a revista, e trabalhámos em conjunto com a Silvadesigners num layout que fosse simultaneamente elegante, diferenciador e requintado. Modéstia à parte, acho que conseguimos.
4. Quando lemos a revista ficamos com a ideia de que cada página foi pensada ao pormenor. Como foi o processo de criação da revista? O que podemos esperar para as próximas edições.
Muito obrigada pelo elogio. Cada página foi mesmo pensada ao pormenor. Nós tivemos um grande luxo neste projeto, chamado tempo. Embora eu seja editora da secção de Lifestyle do Observador, aquilo que ficou combinado internamente é que durante dois meses eu iria dedicar-me totalmente à revista. O João Miguel Tavares, que coordenou comigo a Observador Lifestyle, é um consultor externo, que não tem funções executivas no Observador e que também pôde estar os últimos meses concentrado a fazer a melhor revista possível.
Esta disponibilidade acabou por fazer toda a diferença. Cada tema foi debatido e analisado ao mais ínfimo pormenor. Nenhuma foto, nenhum título, nenhuma ilustração entrou à pressa ou por mero acaso. Muitas páginas e muitos textos tiveram de ser integralmente refeitos, porque o critério de exigência que estabelecemos à partida foi muito alto. E devo dizer que não estamos nada arrependidos. O tempo foi muito bem empregue.
Quanto ao futuro da revista, ainda não posso adiantar nada: vamos ver como corre este número, e depois logo anunciaremos quais os planos para 2018.