Tudo começa quando a certeza de uma gravidez chega. Uma vezes alguns sintomas e umas surpresas no médico, outras vezes um teste com 2 riscos vermelhos.
No meu caso foram 2 riscos muito vermelhos. Acho que era para não haver dúvidas que realmente a coisa estava concretizada. A reação? No início, e até à primeira consulta fiquei um pouco em modo apático. Como se precisasse de uma validação médica para aquilo que estava a acontecer. Depois disso foi o início de toda uma pesquisa não tão fácil quanto deveria ser.
Não existe um manual para se ser Pai. Uns dirão que a descoberta faz parte da aprendizagem. Outros dirão que as coisas não são feitas para serem fáceis. Eu decidi pesquisar, descobrir tudo, e partilhar.
Começou com a saúde e os custos associados. Ter um filho não é barato, nem fácil do ponto de vista de saúde. Ou é? Afinal, é um ser vivo que está a ser gerado, e os primeiros meses são os mais difíceis para a mãe e para o bebé. As mudanças corporais, os enjoos, a ansiedade de saber o sexo, de o ver ao vivo. Um pouco de tudo.
Também há que saber o momento certo para contar aos que nos rodeiam. Pais, família, amigos, colegas de trabalho. No meu caso foi uma espera dura. Aguardar a primeira consulta, para confirmar que estava tudo no caminho certo. Mesmo vendo as mudanças corporais a acontecer, e os enjoos a existirem. Depois, o teste deu positivo em Novembro. O que nos fez decidir contar no Natal. Imaginem a espera e solidão que senti até ao dia em que me iam bombardear com informação, alertas, apoio, etc.
A verdade é que de alguma forma este tempo deu para auto-pesquisa. Às vezes focada em um assunto, e outras vezes completamente desnorteada com tanta informação variada que não sabia para onde me virar.
Acho que de alguma forma, este período serviu para nós, como casal, nos ambientarmos à ideia. Aqueles olhares sem fala a meio de uma série. As carícias e aconchegos. A mudança de atitudes para a ajudar a ultrapassar os enjoos e as más disposições. A conchinha na cama.
A verdade é que os 2 traços vermelhos significam a entrada em um mundo completamente novo. Como se, do nada, precisasse-mos de aprender toda uma nova cultura de um país que não sabíamos que existia. Onde é?, como se chega lá?, como trabalham?, como comem?, como se divertem?, como aprendem?, como sobrevivem?. E aprender todos os sinais de uma língua que nunca ouvimos.
Bem vindos à Paternidade.